segunda-feira, 23 de abril de 2012

Rio de Janeiro



Cidade do Rio de Janeiro… Indicada a ser patrimônio da humanidade.

Que maravilha!

Foi nesta cidade que conheci muitas pessoas bacanas, anárquicas, inteligentes e articuladas…

Na década de 80, em Copacabana, jogava baralho com a sambista Leci Brandão (hoje deputada federal por São Paulo); conversava com Grande Otelo; e frequentava uma adega de vinhos na rua Siqueira Campos, que era habitada por artistas, escritores e intelectuais. Também conheci Fausto Fawcett, quando ele fazia sucesso com a música kátia flávia. Mais tarde, na década de 90, de volta ao Rio de Janeiro, me encontro com o escritor Moacir Scliar; e depois de várias horas de boas prosas, mantemos uma relação de amizade por telefone.

Dom Camilo (meu grande amigo), que foi proprietário de um espaço cultural em Copacabana (Clara Nunes, Clementina de Jesus, Xangô da Mangueira, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento e muitas figuras poderosas do samba marcavam ponto neste lugar), me disse que estava cansado do Rio de Janeiro. “A cidade já deu a sua contribuição. Tudo anda muito confuso”. A última notícia de que tive de Dom Camilo é que ele estava residindo em Porto Alegre. Mas na sua bagagem cultural, Camilo traz três livros publicados sobre o povo do Rio de janeiro.

Com mestrado em filosofia e doutor em matemática, Camilo largou Sampa e um emprego promissor (como diretor no Citybank) e partiu para o Rio de Janeiro. Por lá fez amizades com Cartola, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros e Nelson Sargento. Uma observação, Camilo é guitarrista e pandeirista; já tocou com todas essas feras acima citadas. Falo aqui neste blog sobre Camilo porque nos tornamos grandes amigos e ele tem uma leitura profunda sobre o Rio de Janeiro, que poderá chegar a ser patrimônio da humanidade. No fundo ele ama o Rio de Janeiro.

Um outro amigo, o escritor Ronaldo Werneck (que escreve minúcias sociológicas e antropológicas de Copacabana), já publicou um livro fascinante sobre o funcionamento do bairro mais eclético do Rio de Janeiro. Os detalhes da noite, das mulheres, das loucuras e do despojamentos humanos, são bem traçados em uma linguagem clara e bem construída.

O escritor Ronaldo Werneck, hoje um dos maiores nomes da literatura brasileira [atualmente ele reside em Cataguases], me enviou o seu livro “Noite Americana – Dori: Day By Night”. Ronaldo faz parte de um seleto grupo de escritores brasileiros, intelectualmente sofisticados, que alimenta com idéias brilhantes o nosso tumultuado cotidiano.

Ao folhear o livro me deparei com o poema Copacabana. Isso, a bela Copacabana das várias facetas existenciais que ele conhece bem. Só quem viveu com intensidade neste bairro entende o que Werneck diz, pois desvendar esse lugar não é apenas passar os olhos nas suas superficialidades. É um mundo que exige ser explorado com coragem e determinação. Cutucar seus nervos, conhecer suas figuras ilustres, leva tempo. É um espaço geográfico configurado para ser múltiplo. Obviamente há exigências metafísicas para poder se aprofundar nas suas entranhas.


Mas o Rio de Janeiro não é só Copacabana. É muito mais. Neste momento penso em outro escritor, que tive a oportunidade de conhecer pela sua sensibilidade artística de compreender o ser humano com profundidade. Trata-se do escritor  Hélio de Almeida Fernandes. Seu trabalho literário é muito legal, bem elaborado e consegue apresentar resultados incríveis (dentro de um cenário carioca).Há muito o que se falar do Rio de Janeiro… Mas, por enquanto, fico aqui na torcida para ver se ele consegue ser patrimônio da humanidade.

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Pós-pandemia: um futuro de humanos/máquinas

  Francis Bacon.  Figura com carne O  início desta década de 20 está marcado pela complexidade da dissensão ontológica. Isto é bom ou ruim?...