segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Fogueira das vaidades criada pela Crimedeia

                                    

O artigo escrito por Maurício Angelo, no site Crimedeia: “Sebastião Salgado, o patrocínio da Vale e a ‘salvação’ do Rio Doce”, segue uma rotina amorfa e sonsa. Ele me lembra alguém que tem muitas dúvidas sobre si mesmo e do mundo. Ainda bem! Se fosse o contrário, o universo observável seria extremamente simétrico e chato. Mas como o século 21 representa o auge do antropoceno, nunca é tarde para diálogos aparentemente insólitos.

Mas a impressão que se tem é que alguém, sejam os financiadores do site crimedeia ou outros balangandans esquisitos, esteja insatisfeito com os movimentos criados por Sebastião Salgado e, principalmente, da visibilidade que o Instituto Terra, em Aimorés, Minas Gerais, ganhou aos olhos do mundo. Exageros? Não!!! Um fato.

Percebi que a maioria dos pontos apresentados pelo burocrático site, que se autointitula “Ministério da Verdade”, uma ideia tirada dos elementos literários de George Orwell (1903-1950), se diz apartidário e sem orientações "ideológicas". Na minha reflexão, esse é um terreno lamacento, ofuscado pela ausência de uma legitimidade conceitual comprometida com a informação.

No seu romance “O Homem sem Qualidades”, Roberto Musil lança essa fagulha: “Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem.”

Com um viés retórico, disfarçado como inovador de ideias, e, sobretudo, performático em conjecturas contra modelos predatórios, eu não encontrei nenhum artigo, matéria ou ensaio, que aborde temas ambientais relevantes para analises científicas, como por exemplo, a destruição dos rios e dos mares causado pela agricultura animal. Por que será? Ao longo dos últimos anos inúmeros coquetéis de toxinas são lançados na água doce. Que por sua vez tem devastado o mar, que perdeu 50% da sua biodiversidade marinha nos últimos 30 anos. Até agora não vi nenhum ambientalista levantar esta questão.

Aí eu pergunto, só agora o genial escriba Maurício achou o momento adequado para expor seus teores conspiratórios sobre Sebastião Salgado + Banco Mundial + Governo Federal e outras quinquilharias exóticas relacionada com a recuperação do Rio Doce? Que jornalismos é este?  

Crimedeia na verdade é partidário. Partidário da falência de uma visão de mundo... Que seja mais profunda. O site se ampara em notícias de jornais e não possui qualquer bibliografia mais específica sobre o problema que apresenta. Parece encenar recortes epistemológicos para desconstruir o projeto apresentado pelo Instituto Terra; até agora, o único a fazer algo realmente eficaz no Brasil, sem que se perca em subterfúgios de um relativismo cultural hipócrita. Acho que o Maurício deveria buscar fontes interessantes, tais como Enrique Leff, Silvio Funtowicz, Bruna de Marchi, Isabel Carvalho, Jorge Osorio, Rubén Pesci, Daniel Luzzi, Javier Riojas, Joaquim Esteva, Javier Reyes e Maritza Gómez, para melhor avaliar sobre o que fala.

A matéria não apresenta paradigmas satisfatórios e desenvolve uma "lógica", com tons de manipulação, intrinsecamente conservadora ao enveredar por caminhos enunciados como reais. Extremamente cartesiano, o texto tenta criar fôlego, brandindo uma certa arrogância nas informações obtidas pela "antenada legião",  que alfineta o curto tempo que o Instituto Terra teve para apresentar uma resposta rápida para o problema. Ora!!! O instituto é um espaço científico. Essa é a sua função. O jornalista por acaso não sabe como funciona a sistematização para respostas rápidas, no que se refere aos procedimentos contra os impactos negativos?

Em determinado momento o texto tentar conceituar aspectos éticos, relacionais e profissionais de Sebastião com a empresa Vale, como se o fotógrafo estivesse estabelecendo metafísicas canibais com o poder estatal. Cita uma entrevista do fotógrafo em uma determinada mídia européia, onde na ocasião vários ambientalistas protestaram contra a exposição de Salgado por ter o seu trabalho patrocinado pela Vale.

Gostaria de saber os nomes desses ambientalistas europeus. Sabe-se que grande parte deles é extremamente frouxa quanto a questão dos processos corrosivos da agricultura animal. O site, literalmente empobrecido, com base em relatos publicados apenas por jornais, não cita quais serão os impactos positivos que estão sendo orientados pelo Instituto Terra, quanto à preservação das nascentes do Rio Doce.


Sebastião Salgado é economista. Isso não é novidade para ninguém. Quando ele fez doutorado em Paris, com certeza criou vínculos com uma geração que atualmente tem colocado o dedo na ferida no raciocínio dos neo liberais. Creio que pelo seu trabalho e pela sua total lucidez quanto aos problemas do Brasil, ele não teria qualquer motivo para se lançar como uma peça mercadológica. Afinal, Sebastião Salgado tem visão de mundo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Processos rizomáticos







Ao me lembrar da infância vivida próximo das florestas, das cachoeiras e dos vales, no alto da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, percebo o quanto a natureza era abundante nos seus recursos e, principalmente, mais falante com o homem.
Não esqueço das belas sacadas estéticas de suas paisagens; eram aplicativos impressionistas, em territórios ainda férteis, compreendidos maravilhosamente por Oscar-Claude Monet (1840-1926).
Também existiam as introspectivas poéticas de Goethe (1749-1832), que se faziam desafiadoras para muitas mentes que assistiam pouca TV, mas adoravam viajar nas correntes dos efeitos do C20H25N3O, nas noites alucinantes de fartas constelaciones.
As estrelas se transformavam em enigmas... Um jogo de linguagem conhecido apenas por Hermann Karl Hesse (1877-1962), nos seus detalhes ontológicos ultra realísticos. Mas quem lia Hesse na década de sessenta no Brasil? Eram os loucos estudantes de medicina, de engenharia, de direito, de letras, de história, de geografia, de psicologia e de filosofia. Outra coisa, a rapaziada tinha expressões sexuais, apresentadas por William Reich (1897-1957), desnuadamente bem resolvidas.
Isso acontecia exatamente na época que o mundo humano se via no período de transições de valores. Era o final do clássico capitalismo científico, criado por Adam Smith (1723-1790), dando espaço para o crescimento do antropoceno. Uma equação que deixa dúvidas quanto aos fundamentalismo ideológicos estabelecidos durante o séculos 20. Putz!!! Foi nessa fase que surgiu o Consenso de Washington.
Transito pelas insondáveis deduções do materialismo dialético, pedagogicamente utilitário na cabeça de "notáveis" economistas e políticos, e me lanço de coração e cérebro na expansão do universo desenhados mentalmente por Giordano Bruno (1548-1600). Se naquela ocasião, os religiosos não tivessem se intrometido na história, estaríamos mais integrados aos processos naturais e menos mecânicos.
Bem.. Isso são fragmentos. Coisas simples... Rizomáticas... Sem efeitos colaterais. Afinal. essa não é a intenção.

Pós-pandemia: um futuro de humanos/máquinas

  Francis Bacon.  Figura com carne O  início desta década de 20 está marcado pela complexidade da dissensão ontológica. Isto é bom ou ruim?...