terça-feira, 27 de janeiro de 2015

“N’est pás?”


 
A expressão “N’est pás?”, se transforma em uma reflexão ontológica para que possamos compreender o sentido exato da essência de uma questão, que até hoje anda solta pelo mundo, que é: “Quem é um estadista?”

Desde os tempos áureos de Platão, Sócrates e Aristóteles, que inauguraram proposições na política, na metafísica e em várias áreas do conhecimento, a civilização humana tem a necessidade de resolver essa grande demanda.

Ansiamos para termos de fato estadistas competentes e por méritos. Estamos cansados dos jogos políticos, produzidos por esquemas corruptos, que teimam a se rotular de democráticos.

São nestes momentos que curto fazer valer das referências de Willian Shakespeare, como exemplo de sanidade humana: “Minha coroa está no coração, não na minha cabeça”.

Sabemos que o escritor inglês foi o primeiro a tratar, com propriedades psicanalíticas, as fraturas expostas pelo ser humano, tanto nos quesitos poder político, sexo e subserviência ao sistema. Shakespeare conseguiu apresentar as entranhas perversas daqueles que optam pelo mundo da política, com muita clareza e precisão, e se devaneiam em aptidões rarefeitas da insanidade.  

O mundo do século 21 é uma avacalhação. A pós-modernidade, que faz uma releitura do modelo estético do modernismo, amplia o debate sobre o colapso das grandes narrativas. Como bem analisa o filósofo Jean-François Lyotard, ao explicitar que vivemos uma crise profunda sobre a nossa capacidade de apresentar uma explicação adequada e “objetiva” da realidade (ANDREW EDGGAR, PETER SEDGWICK, 2002).

Atualmente a Europa, que tanto rabiscou novas lógicas para a construção de um estado democrático decaiu e se tornou refém dos tecnocratas. O Oriente Médio, berço da cultura humana, foi destruída. O que existe por lá são estruturas fictícias de modernidade. Os Estados Unidos, por sua vez, mantém um elenco de personagens políticos criados nos laboratórios surrealistas de Harvard.

No Brasil, a nossa infelicidade política e administrativa começou nas transgressões morais dos primeiros republicanos. De Washington Luís até o governo de Dilma Rousseff o que se vê são fórmulas desconectadas com o espirito estadista. A identidade da nossa verdadeira esquerda morreu no período pré-64. O que se desenrolou depois disso foram falácias e falsas conjucturas. Tanto é que não existe um nome em nossa história política, que possamos definir como estadista.

Sendo assim, a questão “N’est pás?”, fica sem resposta. Aliás, estamos longe para encontrá-la. Mal sinal.

Pós-pandemia: um futuro de humanos/máquinas

  Francis Bacon.  Figura com carne O  início desta década de 20 está marcado pela complexidade da dissensão ontológica. Isto é bom ou ruim?...