terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Varella e sua visão limitada do cosmo

O médico Drauzio Varella é uma das estrelas midiáticas que faz a cabeça de muita gente. Menos a minha! Os seus artigos não me chamam a atenção, e muito menos as suas aparições na televisão, quando surge como uma enfadonha linguagem didática para confabular suas ideias sobre saúde.
A minha preferência, quanto a compreensão do corpo e da mente, está nos processos de yoga apresentados por Paramahansa Yogananda, que viveu no século 20. Um hindu que abriu uma nova janela para compreendermos o funcionamento do organismo e de como usá-lo com inteligência, através da meditação.
O que isso tem a ver com Varella? Vejo que suas abordagens sobre a cultura médica são convencionais, demasiadamente coligadas com um mercado farmacêutico ocidental, que pouco se importa com as grandes avanços da civilização e da pesquisa.
Por isso, prefiro a conversa boa de Yogananda que escreveu livros interessantes. Um deles "Autobiografia de Iogue", que faz uma viagem fantástica em uma Índia, até então pouco conhecida pela humanidade, que traz um universo mais profundo sobre saúde e outros temas importantes, que está aquém do falso samaritano Varella.
Mas, recentemente, dando uma espiada num sites de notícias, me deparei com um título absurdamente ignorante: "Solidão Universal", escrita e postada por Drauzio Varella no seu blog.
Depois de fazer referências biológicas, químicas e paleolíticas, o autor diz que Estamos sós no Universo.
"Ainda que exista vida num planeta distante, encontrarmos um ser semelhante a nós, com quem sejamos capazes de nos comunicar, é altamente improvável. Os hominídeos que nasceram nas savanas da África, há 6 milhões de anos, foram frutos de adaptações a mudanças ambientais e eventos aleatórios, que jamais se repetiriam em outro corpo celeste na ordem cronológica em que ocorreram aqui", comenta o médico.
Fiquei perplexo ao ler isso. Ri muito e, certamente, fiquei triste como esse senhor presta um desserviço ao conhecimento. E analisei com os meus botões como uma figura, que se acha "formador de opinião", pode afirmar com convicção que estamos sozinhos no universo e não existe uma simbiose cósmica, intimamente ligada ao nosso planeta. Que pretensão!
O astrofísico Neil deGrasse Tyson, um dos maiores cientistas da atualidade, diz com humildade que somos menores que um grão de areia no espaço, com uma visão extremamente limitada de como a vida funciona. "Seria muito desleixado dizer que estamos sós no universo. Não temos condições para afirmar isso, pois somos mentalmente frágeis para isso", diz deGrasse.
Quer saber! Ainda teremos que fazer uma longa jornada para descobrir e entender como o microcosmo e o macrocosmo funciona. O conhecimento que temos é grotesco perante ao padrão existente no universo.
Aí aparece o Drauzio Varella para confrontar ideias magnificas apresentadas por Carl Sagan e outras mentes poderosas da astrofísica, que sempre mantiveram abertos para as grandezas do desconhecido. As afirmações de Varella são argumentos fracos, sem singularidades, portanto, com uma visão policromática acanhada do cosmo.

Olavo e Pondé são medíocres



Recentemente vi um verdadeiro festival de bobagens produzidas por Luiz Felipe Pondé e Olavo de Carvalho, duas figuras midiáticas, que me leva a pensar o quanto o Brasil é pobre na sua produção intelectual.
O mais grave é que há um batalhão de jovens, na sua maioria estudantes de nível médio e universitário, que cria valores idiossincráticos, sem qualquer relevância cultural, que se deixam influenciar por essas duas criaturas egocêntricas.
Pondé e Carvalho se tornaram "estrelas" do universo do YouTube, e iniciaram uma verdadeira antropofagia mental. De um lado, o intelectual do establishment oficial disse, numa entrevista de rádio, da ausência de espaço do escritor autodidata no mundo acadêmico, por não ter titulação na área para expor suas formulações filosóficas, com ideias que podem trazer prejuízos ao novo governo.
Na outra ponta da linha, o autor do livro "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", se defende ao dizer que Pondé é um zero a esquerda, um coitadinho e um bosta, ávido para ser ouvido no governo Jairo Bolsonaro, portanto, um parasita e um mentiroso.
Depois Olavo de Carvalho afirma, com o peito estufado, que suas visualizações no YouTube chegam a 300 mil e a de Pondé não passam de duas mil. Essa é uma conversa fiada. Tolo o que pensa que quantidade gera inteligência. Pelo contrário, como diria Nelson Rodrigues: “Toda a unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.”
No século 19, Friedrich Hegel (1770-1831) tinha um público estudantil maior que o de Arthur Schopenhauer (1788-1860). Os dois lecionavam na Universidade de Berlim. Enquanto o primeiro, era considerado o grande mestre da filosofia; o segundo, era desprezado pelos acadêmicos, com um número ínfimo de estudantes.
Passado os anos, em pleno século 21, a obra de Schopenhauer tem mais atrativos filosóficos que a de Hegel. Em todos os quesitos. Principalmente estéticos. Obviamente, Pondé e Carvalho não conseguirão, ainda nesta existência, se aproximar da profundidade mental dos alemães. Estão distantes disso!
Apenas comentem gafes insanas. Olavo erra ao se credenciar como portador do conhecimento, por causa do número de visitações no seu canal; já Pondé, uma caricatura da lógica pós modernista, poderia aproveitar o seu espaço mediático para formular questões mais importantes.
Os dois são pura aberração de um Brasil falido de pouquíssimos leitores, que viraram estrelas de um mundo decadente e sem brilho próprio. São incapazes de abrir caminhos para uma discussão mais interessante e real.

Pós-pandemia: um futuro de humanos/máquinas

  Francis Bacon.  Figura com carne O  início desta década de 20 está marcado pela complexidade da dissensão ontológica. Isto é bom ou ruim?...