domingo, 10 de maio de 2020

Trator mata restinga de Arraial do Cabo


Tudo em nome do "progresso". Restinga de Monte Alto agoniza. Sistemas de vidas destruídos, cognições de teias existenciais desativadas, aves que perderam ninhos, comunidades de besouros massacradas, cigarras assassinadas e muitas árvores frutíferas jogadas ao chão. Um verdadeiro genocídio ecológico.
Será que a pandemia não abriu os olhos das pessoas? O argumento, dos ditos "empreendedores" imobiliários, é que seguem a liberação dada pelo Instituto Estadual do Ambiente - INEA.
Será que os inteligentinhos governamentais, que recebem seus salários pagos pelo povo, não sabem que a restinga é um ecossistema complexo, com plantas medicinais e alimentar?
Mas, este atraso, este vírus da destruição, tem suas raízes quando os portugueses, com as bênçãos do rei de Portugal Dom Manoel (que lembra o INEA), aqui chegaram e eliminaram um vasto território de biodiversidade para explorar o Pau Brasil.
A situação foi só piorando. E a devastação ambiental aumentou, somando com isso o genocídio de centenas de milhares de índios. Em seguida veio a produção do sal, e o raciocínio predador da construção civil.
E o processo continua. A sede por lucros imobiliários é a ruína de todo um sistema vivo de plantas e animais. E os gestores municipais não fazem absolutamente nada.
Brincam, como se estivessem num jardim de infância, com temas ambientais, e não estabelecem politicas públicas responsáveis.
O Jardim Botânico tem um estudo profundo do valor da restinga, tanto nos procedimentos de geração de renda, como o da segurança alimentar.
Estamos no século 21 e até hoje não se criou uma pedagogia ambiental eficaz. As futuras gerações vão viver de quê?
A situação é crítica e todas as instâncias do poder, não abrem um leque de discussão mais profunda, sobre a importância da biodiversidade em nossas vidas.
História, economia, valor ambiental e beleza natural estão presentes em um banco de areia. A restinga está ameaçada pela falta de preservação e pela ausência de um turismo preservacionista.
E o mais grave, o seu conhecimento oral produzido pelos mestres sabedores, estão morrendo com a mudança de hábitos das novas gerações.
Ao que parece, os donos do capital continuarão cegos e tolos. Lá na frente, se a situação piorar, Não Haverá País Nenhum, como bem descreve
Ignácio de Loyola Brandão no seu livro escrito em 1981.
Precisamos nos alimentar de um minimalismo inteligente. E Arraial do Cabo retrocede e dá um péssimo exemplo para o mundo.

Imagem: Luiz Penna


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