terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Empreendedorismo, a chave do desenvolvimento



O Brasil vive um dos momentos mais conturbados de sua história, como se tudo estivesse perdido, sem rumo e sem saída, por causa dos sucessivos erros administrativos provocados pelos nossos governantes nos últimos anos. Do ponto de vista psicológico coletivo, os efeitos dos impactos negativos que afetam a economia e a política, criam angustia e obscuridade mental. A sensação é de que naufragamos de vez.
Obviamente, as falhas dos poderes do Legislativo, do Executivo e do Judiciário geram uma percepção míope sobre a nossa condição humana, e alimenta uma letargia constante, uma preguiça mental e física para tentarmos deslumbrar um futuro mais interessante, exatamente pelo acúmulo de notícias ruins.
Entretanto, mesmo que haja incongruências no nosso cotidiano político, é necessário acreditarmos em algo sublime, que se concretize na produção do bem estar social, e que reflita suas representações nas áreas da saúde, educação, cultura, moradia, meio ambiente e da segurança alimentar.
Para que os resultados sejam positivos, precisamos vencer o medo, a barbárie da corrupção e a inércia das ideias, na construção de uma realidade mais digna e racional, pois só assim eliminaremos vícios e teremos novas percepções sobre o significado de nossa existência humana
Eu tenho a convicção de que o caminho certo para sairmos desse labirinto, é a participação estatal no fortalecimento de práticas empreendedoras eficazes, obviamente conectadas com o setor privado, na elaboração de projetos consistentes de desenvolvimento nos campos da ciência e da tecnologia, principalmente neste momento em que se inicia a quarta revolução industrial, onde o Brasil se torna peça fundamental nesta nova virada de página.
Se olharmos o passado, veremos que muitas atitudes estatais surgidas em outros países foram interessantes e definiram os rumos da economia global. Depois da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, quando os Estados Unidos criou a Big Science houve uma completa mudança de paradigmas.
Esse sistema possibilitou estratégias de defesa, constituídas por uma vasta e complexa rede integrada, que envolvia os setores da indústria e do mundo acadêmico direcionado para a ciência de ponta. Tais experiências foram decisivas para o surgimento da nanotecnologia e da biotecnologia, e de outras invenções na área da informática, gerando emprego e renda para milhões de pessoas.
Argumentos sólidos que fortalecem essa tese não faltam. Um deles é do historiador Paul Forman ao dizer que durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, houve volumosos financiamentos, por parte do governo, com a defesa. Isso provocou uma mudança radical na física, que pulou para a pesquisa básica e para aplicada, quase na velocidade da luz, o que contribuiu para a formação de mentalidades competentes.
E o Brasil, como ficou neste enredo? Bem... O país, que tem um grande potencial mineral, com uma das pontuações mais altas do mundo (98 para uma escala de 100) e que, acima de tudo, possui uma impressionante biodiversidade marinha e terrestre, infelizmente ficou refém de uma burocracia que engessa a sua capacidade de investir em cérebros e em novas tecnologias. Possuímos a matéria prima, mas não fortalecemos o capital humano com uma educação de qualidade a partir do ensino fundamental.
Por aqui a nossa “meritocracia” ainda é cruel, pois dá chances as minorias para que conduzam as rédeas do jogo, e exclui a maioria de uma formação educacional de qualidade; já na via dos desafortunados, vemos aumentar o capital informal que agrega milhões de jovens para o universo do crime, sem nenhuma expectativa de vida.
Contudo, volto a frisar, a grande transformação virá quando tivermos políticos com visão, e com a compreensão, da eficácia do conhecimento científico e tecnológico aliado à ações empreendedoras para se fazer o país crescer. Somente o empreendedorismo é a chave para enfrentarmos os dilemas que nos assombram neste início de século.

Pós-pandemia: um futuro de humanos/máquinas

  Francis Bacon.  Figura com carne O  início desta década de 20 está marcado pela complexidade da dissensão ontológica. Isto é bom ou ruim?...