Toda
a configuração do rito pós-modernista, com suas percepções estéticas na
literatura, na arquitetura e nas artes plásticas, segue um padrão estritamente
comercial sem quaisquer vínculos com os ideais iluministas criados no século
XVIII.
Acredito,
e não há dúvida nisto, que esse foi um dos períodos mais interessantes da
humanidade. Essa época se torna o principal vetor de processos estritamente
racionalistas (na matemática, na filosofia e na ciência), que definitivamente
ampliaram a nossa visão de mundo.
Passados
dois séculos após Voltaire (1694-1778) escrever “Cândido,
ou O Otimismo”, que eu li quando tinha dezesseis anos de idade, a
sensação que tenho é que estamos presos numa grande rede de anomalias projetada
por uma “indústria cultural”, completamente instrumentalizada para satisfazer a
massa com pequenas futilidades tecnológicas, religiosas, artísticas, econômicas,
midiáticas e políticas. Muito óbvio, não? Sim! Bastante...
Assistimos
o declínio de grandes potências mentais transformadoras. Definitivamente o
mundo ficou muito pequeno. No momento temos uma poderosa máquina burocrática
disposta a anular valores humanos, ambientais e culturais, semelhante as que
eram usadas antes do iluminismo. A idade média, com suas justificativas cristãs
ao eliminar o inimigo de Cristo, gerou uma estúpida carnificina e deu brechas
para o surgimento de muitas doenças e preconceitos. Nada mais que isto! Eis a
origem dos nossos problemas.
Se
retornarmos ao século XIX, quando houve uma independência do sujeito, uma
autonomia capitalista do seu uso, havia ali, naquele momento histórico, o
início de forças produtivas voltadas para um crescimento contínuo e racional.
Aí entra o século XX, e tudo começa a dar errado quando surge a Primeira Guerra
Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Uma dívida que
ainda assombrará a vida de muitas gerações futuras.
Voltando
ao tema sobre o paradoxo pós-modernista, poderemos encontrar em Jean
Baudrillard (1929-2007), Jacques Derrida (1930-2004), Michel Foucault
(1926-1984), Luce Irigaray, 86, e Jean-François Lyotard (1924-1998) referências
bibliográficas interessantes que dão substâncias e nos leva a refletir sobre a
significação do termo pós-moderno e sua real exatidão conceitual.
No
magnífico ensaio “A condição pós-moderna”, Lyotard apresenta uma teoria que
destaca o colapso das grandes narrativas (incluindo aí o marxismo) e sua
substituição pelas pequenas narrativas, dando espaço para a tecnologia que nos
últimos anos transformaram nossas ideias sobre o que constitui o conhecimento. A
pergunta que faço é: “Será um poder concentrado ou distribuído para toda a
sociedade?”
Para
que as coisas possam funcionar, tudo dependerá das mentes que estarão por trás
desse novo complexo tecnológico. Mesmo com todas as novidades do mundo
contemporâneo, com suas projeções científicas, ainda tenho muitas dúvidas sobre
a sua eficácia ontológica. Creio que o monopólio continuará, com o seu círculo
viciante, a dar suas cartas neste cenário global.
Mas
encontro nas teorias de Adorno (1903-1969), principalmente no livro “A dialética
do esclarecimento”, referências para fazer analogias históricas sobre a nossa
condição humana e refletir sobre o valor da cultura como antítese, contra os modelos
maximizados construídos pela indústria do cinema, pela internet e pela
propaganda.
No
presente, o conhecimento ainda se fecha em falsos mecanismos de domínio administrados
por “especialistas”, que estão muito aquém na construção de uma civilização
grandiosa. Do contrário, poderíamos estar aptos a seguir em frente, de
questionar, de melhorar nosso campo mental em estruturas mais ativas e perenes.
Vejo
que a única opção sustentável é fortalecer a educação e democratizar a
informação científica, tendo como referência muitas situações interessantes
ocorridas no passado, com suas mentes geniais. Friso que não podemos deixar a
história em segundo plano. Ela é tão importante como as dinâmicas das novas
descobertas nos campos da biologia, da química, da física e da matemática.