segunda-feira, 13 de julho de 2020

Gastronomia e a sua relação com a filosofia



Eu tenho me debruçado na história da gastronomia através de artigos e de livros. É um tema fascinante à medida que se avança nos detalhes da alimentação.

Em tempos de pandemia, quando se discute saúde física e mental, a questão da segurança alimentar torna-se essencial na formulação de respostas para os problemas da exclusão nutricional.

E o que mais me chama à atenção é a relação da gastronomia com a filosofia. É interessante como ela se entrelaça com as conjugações dos temperos e da manipulação de cada alimento, com a elaboração de complexos sistemas das ideias.

Entender a lógica do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1884-1900) que falava da relação da filosofia e da alimentação é crucial para compreender como esse tema é literalmente revigorante.

No seu livro Ecce Homo, publicado em 1888, Nietzsche afirma que a salvação da humanidade dependia da questão da alimentação muito mais do que de todos os tratados filosóficos e teológicos já escritos na história da cultura. E, com toda a certeza, ele estava corretíssimo.

Também não podemos nos esquecer da literatura e do cinema na história da gastronomia. Quem se lembra do filme "A Festa de Babette?". Com uma narrativa rica, principalmente em elementos históricos, é uma obra inspiradora.

Eu adoro cozinhar e de construir poesias que se fartam de aromas e de boas ideias filosóficas. Dizem que a razão começa na cozinha. Creio que essa máxima tem tudo a ver com o espírito do conhecimento e de uma estética do sublime.

E quem assistiu o documentário de Dóris Dorrie Hou to Cook Your Life (como cozinhar sua vida) sabe valor e o poder do ato de cozinhar. É um trabalho magnífico que fala sobre a influência da alimentação em nossas vidas. É simplesmente genial. Nele, o cozinheiro zen Edward Brown faz revelações importantes aos seus discípulos sobre o estar no mundo, e a relação dos alimentos no processo do nosso desenvolvimento.

Portanto, observo que alimentação, filosofia e artes, têm profundas raízes que precisam ser melhores trabalhadas no sistema educacional e cultural. Só assim, poderemos avançar plenamente rumo a uma civilização inteligente e mais solidária.

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