O Homo Sapiens, derivado da expressão “Homem Sábio”, perde
sua importância como uma das espécies mais criativas da natureza, provando sua
genética inversa na escala da evolução, e se lança nas distorções da irracionalidade
e da barganha. O trambique, o roubo, a ganância, o ódio, a inveja, a destruição
ambiental e a perda das funções simbólicas, são doenças que inibem os valores
estéticos dos movimentos humanistas.
Mas como chegamos a isso? Uma pergunta complexa que necessita
de uma resposta simples. A ausência de cognição dos poderes constituídos com os
interesses da sociedade é extremamente catastrófica. Nota-se uma profunda
letargia dos representantes do povo e da mídia convencional, para melhorar as
dinâmicas do sistema que pulse a favor de um mundo mais vigorante e, sobretudo,
antenado com as produções científicas voltadas ao bem estar social. De quem é a
culpa?
O cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993) dizia que a
política se tornou uma invenção constante da realidade, de mutações canhestras
e deformadas, que continuará a dar suas bofetadas e a insultar o povo que, cego
e frágil, ainda beijaria os pés de falsos mitos. E isso não acontece no Brasil?
Mais que um declínio moral e ético, assistimos a completa destruição do
interacionismo simbólico positivo que, forçado a dar lugar para a velhacaria da
barbárie das imagens negativas, anula as possibilidades de ação do estado de
direito.
No atual cenário, o interacionismo simbólico foi eliminado e
em seu lugar se configura aberrações criadas por um macho demoníaco, que se
conecta com as perversões de fascistas e de nazistas; historicamente, e isso
não podemos perder de vista, a mecânica do horror não terminou com a morte de Adolf Hitler (1889-1945) e de Benito Mussolini (1883-1945). Há outros selfs em cena. Necessitamos com urgência
de ter um raciocínio epistemológico mais biológico, e menos mecânico.
Mas onde estão as instituições para questionar
as entranhas do poder? Não estou falando em prisões, asilos, escolas, hospitais
e escritórios do governo, mas me refiro à linguagem e as práticas culturais,
que tem seus representantes nas camadas populares. Exemplos práticos é que não
faltam. Um deles foi o reverendo Martin Luther King (1929-1969). Em um momento
tenso da história dos negros americanos, ele sabia fazer bom uso dos símbolos
ao criar inflexões, que contextualizavam com estruturas micro sociais
avançadas, que marcaram uma época.
Quando o filósofo pragmatista G.H. Mead
(1883-1931) influenciou o desenvolvimento do interacionismo simbólico, através
da Universidade de Chicago, no início do século XX, procurava abordar processos
de linguagem que confluiriam a favor dos que estavam à margem da Lei. Do campo
da teoria a sua aplicabilidade empírica, os resultados foram excepcionais na
área do direito da mulher e das crianças excluídas do jogo “capitalista”.
As imposturas políticas vistas nos últimos anos
no Brasil, dada à dimensão de sua catástrofe, tiraram de cena projetos
relevantes que poderiam ser uma sinergia, uma simbiose na progressão social, e
nos campos do conhecimento científico e cultural. Na sombra de antigos “líderes”,
que surgem no balcão de estranhas negociatas partidárias para 2018, os marqueteiros
continuam a bolar planos mirabolantes, sem que haja qualquer vínculo com as
demandas reais e compromissadas com algo relevante; criam, engenhosamente,
apenas vozes sem significados, sem mentes dispostas a fazer as verdadeiras mudanças.
É um mundo de selfs sem conteúdo de causa. Tudo não passa de ilusões de
imagens. Na sua maioria desfocada dos enredos do século XXI.
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